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Hipertensão arterial e exercício – prevenção e tratamento físico

 

Em 2021, 26,3% dos adultos com idade ≥18 anos no Brasil tiveram o diagnóstico médico de hipertensão arterial. Na comparação entre as capitais dos estados brasileiros, os números piores foram encontrados entre homens e mulheres no Rio de Janeiro (32%).

A hipertensão arterial, caracterizada por níveis sustentados de pressão arterial sistólica ≥140 mm Hg e/ou de pressão arterial diastólica ≥90 mm Hg, pode levar a consequências graves nos sistemas cardiovascular, imunológico, renal e vascular periférico. Infarto do miocárdio, acidente cardíaco, acidente vascular encefálico, doença renal e doença arterial obstrutiva periférica são algumas dessas consequências.

Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento de hipertensão arterial, temos fatores que não podem ser modificáveis, como genética, idade (envelhecimento), sexo masculino e etnia. Mas existem muitos outros que podem e devem ser modificados para evitar o desenvolvimento ou para auxiliar no controle dos níveis de pressão arterial.

Os fatores modificáveis abrangem o sobrepeso/obesidade, a ingesta elevada de sódio, o sedentarismo/inatividade física, a ingesta excessiva de álcool, e fatores socioeconômicos (baixa escolaridade e baixa renda familiar). Além disso, cada vez mais volta-se a atenção a condições como a apneia obstrutiva do sono e o uso de medicações muitas vezes adquiridas sem prescrição médica como potenciais fatores associados a um controle inadequado dos níveis de pressão arterial.

Como o nosso foco é prescrição de exercício físico, vamos falar um pouco sobre os tipos de exercícios que podem ser benéficos no cenário da hipertensão arterial.

O exercício aeróbico é um tipo de exercício que envolve a contração contínua de grandes grupamentos musculares. Atividades como caminhada, corrida, pedalada, natação são exemplos de exercícios aeróbicos. Esses são considerados exercícios de primeira linha tanto para prevenção quanto para tratamento da hipertensão arterial. Com a realização regular de exercício físico, espera-se uma média de redução da pressão arterial sistólica entre 4,9 a 12,0 mm Hg e da pressão arterial diastólica entre 3,4 a 5,8 mm Hg. Essa redução é semelhante àquela observada com medicamentos anti-hipertensivos na dose padrão. Ainda, os benefícios do exercício aeróbico não estão apenas na redução dos níveis pressóricos, mas traduzem-se, também, em uma redução do risco de eventos cardiovasculares, como infarto, acidente vascular encefálico etc.

Já em relação aos exercícios resistidos (“musculação”), podemos dividi-los didaticamente em dois tipos: os exercícios resistidos dinâmicos e os exercícios resistidos isométricos, quando há ou não há movimentação articular associada a contração muscular, respectivamente. Em relação aos exercícios resistidos dinâmicos, reduções de pressão arterial são vistas de forma mais significativa justamente nas pessoas com maiores níveis pressóricos. Em hipertensos, as reduções nas pressões arteriais sistólica e diastólica observadas são em torno de 5,7 e 5,2 mm Hg, respectivamente.

Já o exercício resistido isométrico pode trazer reduções ainda maiores de pressão arterial, e alguns estudos mostram reduções de 10,0 e 5,8 mm Hg nas pressões arteriais sistólica e diastólica, respectivamente. No entanto, não são todos os exercícios resistidos isométricos que levam a redução dos níveis pressóricos, e existem protocolos específicos para essa finalidade, como o protocolo de treinamento isométrico de preensão manual utilizado na CLINIMEX.

Assim, a prática de exercícios aeróbicos e de exercícios resistidos deve ser encorajada para pacientes sob risco ou com diagnóstico estabelecido de hipertensão arterial.

 



Referências:

1- Vigitel Brasil 2021. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Disponível no link ao lado; Clique aqui.


2- Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Mota-Gomes MA, Brandão AA, Feitosa ADM, Machado CA, et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arq. Bras. Cardiol. 2021;116(3):516-658.


3- Hanssen H, Boardman H, Deiseroth A, Moholdt T, Simonenko M, Kränkel N, et al. Prescrição personalizada de exercícios na prevenção e tratamento da hipertensão arterial: um documento de consenso da Associação Europeia de Cardiologia Preventiva (EAPC) e do Conselho de Hipertensão da ESC. Eur J Prev Cardiol. 2022;29:205–15



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